quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Poison, os reis do Glam

Antes de começar a contar um pouco da história do Poison, sei que muita gente tem preconceito com bandas glam, principalmente por conta do visual andrógino adotado pelos grupos nos anos 80. Eu nunca achei legal mas ao mesmo tempo nunca me preocupei com a questão do visual. Só recomendo para aqueles que ainda tem essa visão, colocar o preconceito de lado e dar atenção a música, afinal de contas, é o que importa.



Poison é uma banda de Glam metal ou Hair Metal , como preferir, que alcançou um sucesso estrondoso no fim dos anos 80 e início dos anos 90. A banda vendeu 14 milhões de albuns, somente nos Estados Unidos e colocou 10 singles no Top 40 da parada da Billboard Hot 100, incluindo 6 faixas no Top 10 singles , com uma delas alcançando o número 1 das paradas.

Formado na cidade de Mechanicsburg, Pennsylvania, em 1983, sobre a alcunha de "Paris", o grupo consistia no vocalista Bret Michaels, o guitarista Matt Smith, Bobby Dall no baixo e Rikki Rockett na batera. Em busca de sucesso, mudaram-se para Los Angeles em 6 de Março de 1984, onde rapidamente começaram a fazer fama na famosa Sunset Strip, em Hollywood, tocando em clubes como The Rainbow, The Whisky a Go-Go e The Roxy, locais onde surgiram outras bandas do mesmo estilo como Hanoi Rocks, Motley Crue e Warrant.



Depois de assistirem a um show da banda Spinal Tap, decidiram mudar o nome do grupo para "Poison". Nesse período o guitarrista Matt Smith desiste do sonho de ser um rock star e abandona a banda para retornar a casa de seus pais na Pennsylvania. Com a vaga de guitarrista em aberto, sem perder tempo, a banda inicia uma série de audições para preencher o posto. Após vários testes, foi selecionado pela banda o guitarrista C.C. DeVille que disputou uma "final" com Slash (Guns N' Roses), dispensado por ter sido considerado, apesar de muito bom tecnicamente, "feioso" para os padrões da banda, naquela época, muito preocupada também com o visual espalhafatoso e que fazia a alegria da mulherada.

Já em 1986, Michaels, Dall, Rockett e DeVille assinaram com o selo independente Enigma Records por aproximadamente 30 mil doletas, debutando com o album "Look What the Cat Dragged In", lançado em 2 de Agosto de 1986.

Este primeiro trabalho da banda gerou 4 hits singles, sucesso nas paradas americanas: "Cry Tough", "I won't Forget You", "Talk Dirty to Me" e a faixa título.

Apesar do visual pra lá de gay, o Poison tinha o hábito de pouco antes de iniciar seus shows, mandar um roadie com uma câmera de vídeo gravar as meninas na audiência. Nas gravações as meninas contavam o que fariam caso fossem escolhidas para ter acesso aos bastidores e ficar com a banda.

Depois disso, os rapazes assistiam a fita e escolhiam as vagabundas que achavam mais interessantes. O infeliz do roadie então voltava com os famosos passes para o backstage e distribuia para as vadias escolhidas irem ao camarim depois do show. Lá dentro, as mulheres disputavam entre si a atenção dos músicos e a orgia rolava solta. Vale lembrar que algumas destas fãs, na época, ainda estudantes de 2º Grau, se tornaram famosas atrizes pornô.





Com o sucesso do album, o Poison conquistou disco de ouro, platina e platina-dupla, saindo em grandes turnês com Cinderella, Ratt e Quiet Riot e ainda gravou em 1987 um cover da música "Rock and Roll All Nite" do Kiss, incluida na trilha sonora do filme "Abaixo de Zero".

O segundo trabalho, Open Up and Say...Ahh!, foi lançado em 21 de maio de 1988, alcançando o número #2 das paradas americanas e vendendo 8 milhões de cópias no mundo inteiro. O album inclui o maior sucesso da banda, "Every Rose Has Its Thorn", junto com outros top-ten hits: "Nothin' but a Good Time", "Fallen Angel" e "Your Mama Don't Dance." Embora eu goste dos 3 primeiros lançamentos, se tivesse que indicar apenas um, eu provavelmente escolheria esse.

Uma curiosidade é que a capa original, uma mulher com aspecto demoníaco e uma língua obscena, foi censurada, ganhando duas tarjas pretas e deixando apenas os olhos em evidência. Somente mais tarde a capa seria liberada. Em 1989 a banda se tornou a 5ª melhor banda de Hard rock em vendas dos anos 80, atrás do Mötley Crüe, Def Leppard, Bon Jovi e Guns N' Roses.



Com um sucesso cada vez maior, em 21 de Junho de 1990, a banda lança seu terceiro album, "Flesh & Blood", que também chegou ao número #2 das paradas e vendeu mais de 7 milhões de cópias. Mais uma vez a capa original foi censurada, pois trazia a imagem de sangue saindo de uma tatuagem do baterista Rikki Rockett. Nas versões seguintes o sangue havia sido removido da foto.

O album se tornou multi-platinado e gerou três singles: "Unskinny Bop", "Ride the Wind" e a balada "Something To Believe In". A banda saiu em turnê mundial e no dia 18 de agosto de 1990 se apresentou no Donington's Monsters of Rock festival, ao lado de Whitesnake, Aerosmith, Quireboys e Thunder. Vale lembrar que nessa época, com o início dos anos 90 e o surgimento do grunge, a banda já adotava um visual mais sóbrio, sem os cabelos armados e tantas roupas coloridas.



Durante os shows de 1990/1991 da Flesh & Blood tour, o Poison gravou várias apresentações e em novembro de 1991, lançaram seu quarto album, um duplo ao vivo chamado "Swallow This Live". Além das faixas ao vivo dos três primeiros albuns, quatro faixas inéditas, incluindo o single "So Tell Me Why", última gravação de C.C. DeVille antes de ser expulso da banda por apresenstar problemas com dependência química e muitos atritos com os demais membros.

Mais uma vez sem guitarrista, a banda contratou Richie Kotzen, jovem guitarrista de 22 anos, também da Pennsylvania e com três álbuns solo lançados. Em fevereiro de 1993, fortemente influenciado pela contribuição do guitarrista Richie Kotzen, sai o quinto album, "Native Tongue". Como fã do Poison, eu gosto de lembrar que apesar de ser um bom album, o som é bem diferente do party rock dos 3 primeiros e muito focado no blues.

Apesar das críticas e reviews positivos, as vendas foram modestas, alcançando apenas 1 milhão de cópias pelo mundo e contendo apenas um single, o da música "Stand". Aqui a banda também muda o foco das suas letras, passando dos temas conhecidos de festa e diversão para letras mais intimistas que falavam de fé, desilusões amorosas e até mesmo de sofrimento. Tensões começaram a surgir entre o novato guitarrista e o restante da banda. Isso pq Kotzen se envolveu em um romance com a ex-noiva do baterista Rikki Rockett, Deanna Eve e assim que a banda descobriu, prontamente demitiu Kotzen, que logo foi substituido pelo guitarrista Blues Saraceno.

Apesar da hegemonia do grunge e do declínio fonográfico das bandas de Hard Rock, o Poison saiu em turnê, que inclusive passou pelo Brasil, em 1994, no festival Hollywood Rock, já com Saraceno na guitarra. Eu tive a oportunidade de assistir ao show do Rio de Janeiro, na praça da Apoteose, onde abriram para o Aerosmith.

O show durou pouco mais de 1 hora e a banda se concentrou em tocar todos os seus sucessos. Pra mim foi um excelente show, com a banda empolgada e muito bem tecnicamente. Foi a primeira e única vez que vieram ao Brasil.



O sexto album, "Crack a Smile", chegou a ser gravado, mas não foi lançado na época por problemas entre o Poison e a gravadora Capitol Records e acabou engavetado. Foram feitas apenas 300 cópias demonstrativas que hoje são itens raros de colecionador e custam uma fortuna.

Depois de 2 anos de incerteza e inatividade, para encerrar o contrato com a Capitol, o Poison lançou a coletânea: Greatest Hits 1986-1996, com os principais sucessos da carreira da banda e duas faixas inéditas: "Sexual Thing" e "Lay Your Body Down", com Blues Saraceno nas guitarras. A partir daí os integrantes partiram para outras atividades e chegou a ser ventilado o fim da banda.

Em 1999 o grupo anunciou sua volta com a "The Greatest Hits Reunion Tour" e com a formação original, com Michaels e DeVille tendo finalmente resolvido suas diferenças. A turnê foi um sucesso, com um show lotado no Pine Knob Amphitheater em Detroit para uma multidão de 18.000 fãs e uma média de 12.000 fãs por show durante toda a excursão. Uma aparição da banda no programa VH1's Behind the Music parecia confirmar a solidificação da reunião do lineup original e a redescoberta da popularidade da banda.

Com a formação original de volta e uma turnê bem sucedida revivendo os sucessos da banda ao lado de Great White, L.A. Guns e Ratt, a Capitol Records, malandramente, lançou o CD "Crack a Smile.... and More! em 2000, incluindo no album a gravação do especial MTV Unplugged, gravado para a MTV em 1991. Na minha opinião esse é o mais fraco de todos os albuns do Poison e só vale mesmo por causa das faixas bonus do acústico MTV.

Ainda em 2000, já pelo selo independente, a banda lança um novo album chamado "Power To The People", que na verdade são gravações ao vivo extraidas da Reunion Tour e mais 5 boas músicas de estúdio inéditas :"Power to the People," "Can't Bring Me Down," "The Last Song," "Strange," and "I Hate Every Bone In Your Body But Mine," essa última cantada por C.C. DeVille.

No ano de 2002 a banda lançou o album "Hollyweird", contendo somente músicas inéditas e marcando um retorno às raízes dos anos 80. Na minha opinião é um bom album mas longe da qualidade dos 3 primeiros. Uma nova grande turnê foi iniciada e a banda aproveitando o sucesso, lançou em 2003 a compilação "Best of Ballads & Blues" pra fazer a alegria dos colecionadores e ganhar uma graninha extra, já que não tem nenhuma faixa inédita.

Durante o verão americano de 2004 o Poison foi convidado para abrir todos os shows do Kiss na Rock The Nation Tour, ganhando ainda mais exposição na mídia americana. No ano seguinte a banda se deu ao luxo de tirar férias de 2 anos para que cada integrante cuidasse de seus projetos particulares.

Em 2007 o Poison lançou um album de covers, chamado Poison'd! e voltou para estrada em grande estilo, com uma grande estrutura de palco e arenas lotadas. Para celebrar o bom momento, lançaram um DVD ao vivo com um ótimo show gravado no Verizon Wireless Ampitheatre na cidade de St. Louis, Missouri para mais de 10 mil fãs.

Em 13 de julho do mesmo ano, o Poison foi a atração principal do festival de glam metal chamdo "Rocklahoma" ao lado de bandas como Cinderella e Ratt. De lá pra cá a banda fez pequenas turnês pelos Estados Unidos, sempre intercalando com os projetos paralelos de seus integrantes.

Recentemente, foi divulgada uma lista das bandas com maiores vendagens da história dos EUA, onde figura o nome do Poison, com mais de15 milhões de cópias vendidas no país, conforme pesquisa realizada pela R.I.A.A. (Recording Industry Association of América).

No último dia 23 de abril, o vocalista Bret Michaels de 47 anos, apresentou fortes dores de cabeça e foi levado a um hospital, onde os médicos diagnosticaram uma hemorragia subaracnóide, tipo grave de acidente vascular encefálico hemorrágico. Os médicos optaram por manter Bret na UTI devido à gravidade do quadro. Seu estado de saúde ainda é considerado grave, porém estável.

Bret está sendo tratado no "Barrow Neurological Institute" do hospital St Joseph's em Phoenix.
A instituição é uma das líderes mundiais em centros neurologicos e é também onde fica o Muhammad Ali Parkinson Center. Informações sobre onde o cantor estaria hospitalizado estavam mantidas em sigilo pela familia para que pudessem lidar com a gravidade da situação que Michael começou a apresentar de modo instantâneo e inesperado por todos.

O cantor passa pelo quadro mais grave e delicado da situação que envolve os 15 primeiros dias após a ocorrência e tem apresentado sintomas paralelos que dificultam a tentativa de detectarem a fonte do sangramento. Segundo o Dr. Zabramski, chefe do setor de cirurgia vascular cerebral e que lidera a equipe que trata o caso de Michael, a vontade de Bret de viver e se recuperar é inegavel. O médico cita a luta e o drama que o cantor viveu desde o momento em que sentiu as fortes dores na cabeça lutando por manter-se consciente para chegar até a sala de emergência ainda lúcido. Esse ato de imensa bravura permitiu que o atendimento a ele fosse imediato para que sua situação fosse estabilizada.

Agora é torcer pela recuperação do cara e por novas turnês do Poison e quem sabe, visitando o Brasil.

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